sábado, 10 de novembro de 2012

Prezados alunos de Jogos Teatrais I em 2012-1,

depois de fazer a última postagem, verifiquei que o que postei foram as sugestões para Jogos Teatrais II, portanto, agora seguem as tentativas de conceituar "escuta cênica".

Sugiro que leiam todas, pois vão constituindo um mosaico bastante interessante acerca do conceito.

Att
Prof. Davi de Oliveira Pinto (DEART/IFAC/UFOP)


ESCUTA CÊNICA

1.    Para um jogo, e principalmente para atuação é necessário que o ator tenha escuta cênica, ou seja, estar atento a tudo que está ocorrendo ao seu redor, seja pela audição, pelo olhar, pelo toque, para que ele esteja pronto para o que for proposto;
2.    A escuta é um meio de receber o mundo, de deixar que ele penetre no corpo, mente, espírito, é a possibilidade de tocar no outro e de tocar em si mesmo. Atualmente somos afetados pela presença da sonoridade do ambiente, das forças que ecoam a nossa volta, reagimos instintivamente às vozes e textos, ruídos, sons e canções. Porém é este ouvir receptivo que vai nos dizer o que procurar; o que encontrar; e qual é o caminho a seguir. "Minha primeira relação com a palavra não é de produ­zi-la, mas de recebê-la (...). Esta prioridade da escuta es­tabelece a relação fundamental da palavra com a abertura ao mundo e ao outro (...)”. (RICOEUR, 1977, p. 36). O ouvir vem antes do falar. Ouvir é contato e é enriquecimento de vida. É a abertura ao novo e ao desconhecido. Quando eu escuto, eu e me “esvazio” e me abro para o novo, para o “encher-me” de novos conhecimentos, novas possibilidades e assim eu aprendo. O ator é essencialmente um observador do mundo, ele observa a vida para recriá-la. A prática de ver e de ouvir está intrinsecamente ligada à capacidade de observação. O ator deve ter um olhar e uma escuta atentos aos acontecimentos à sua volta. O ato de observar abrange a necessidade de olhar para si mesmo, o reconhecimento de suas próprias ações e o entendimento do funcionamento de seus próprios sentimentos;
3.    É a capacidade de se perceber e perceber o outro no espaço em práticas teatrais, seja pelo olhar, pelo gesto, por palavras e contribuindo de forma significativa para a clareza e o bom entendimento do espectador e dos próprios colegas de grupo. Em resumo, é a sensibilidade na percepção do todo, para atingir um objetivo desejado na improvisação, peça etc.;
4.    A escuta cênica se desenvolve durante vários momento dos Jogos e também da matéria. No decorrer do semestre, trabalhamos com vários temas, talvez eles teriam sido melhor desenvolvidos se nós já percebêssemos a escuta cênica. A escuta não foi só focada nos ouvidos, mas também ao corpo, espaço e raciocínio. Portanto, não há jogo sem escuta, pois se um não ouvir, os dois ficarão estagnados;
5.    As escuta cênica não está restrita ao ouvir próprio do órgão sensorial da audição. Mais do que isso, escutar cenicamente deve significar, também, perceber de outras formas, utilizar todos os sentidos e estar concentrado nestes estímulos que concatenarão as ações reverberadas no corpo e na mente. Percepcionar o outro é engendrar atitudes e pensamentos, finalisticamente orientados para promover a articulação coerente de uma cena, a fim de se estabelecer consciência de ritmo, do movimento, do momento certo de agir e de falar, entre outros atributos, inclusive da improvisação teatral, que construirão a cena, o jogo, a atividade estruturada. Escutar cenicamente, mais do que ouvir, é sentir, jogar, interagir, aceitar o pronunciamento/proposta do outro e também propor;
6.    A escuta cênica é uma percepção não apenas auditiva, mas de várias outras formas, no âmbito cênico. De forma que a escuta pode acontecer de diversas maneiras neste campo cênico, podendo-se escutar com os olhos, com o tato, ou até uma escuta auditiva, mas com uma maior atenção do que está sendo escutado. A escuta também envolve a percepção do momento de fala e do momento de escuta, sem a escuta não tem fala, e sem a fala não há diálogo. Por isso a escuta é essencial tanto em cena, quando também na vida cotidiana, quando precisamos saber ouvir;
7.    Pela definição do dicionário, escutar é prestar atenção para ouvir alguma coisa. Nesse sentido, a escuta cênica está relacionada a ouvir o outro, não no sentido da palavra em si, mas mostrando que estamos atentos à sua ação e seu discurso, assim podendo reagir aos mesmos. Essa escuta só será completa se estivermos receptivos ao outro, tendo um bom entrosamento. Enfim, a escuta cênica pode ser definida como mecanismo principal para o desenvolvimento do jogo teatral.
8.    A escuta cênica é o olhar, o ouvido, a percepção espacial daquele que está dentro de um jogo cênico ou dentro de uma cena. É perceber o outro que dialoga com você, dar tempo ao outro e aceitar e saber jogar com aquilo que lhe foi proposto. Tentar aprender a hora de começar e a hora de parar;
9.    Entendo por escuta cênica o ato de estar atento a tudo no momento da ação. Ter uma boa escuta é saber jogar com o outro, dando oportunidade para ambos jogarem, sem ficar centrado em sua própria criação. Se não tivermos essa escuta acabamos por não entendermos o que acontece no momento do jogo [...] pois estamos sem nenhuma consciência de espaço, tempo e comunhão com os parceiros de cena;
10. Acredito que a escuta cênica [seja] a atenção, concentração e exploração dos sentidos dos jogadores. De um modo racional e atento, mas simultaneamente subjetivo. A escuta é o cerne do jogo, sendo o núcleo, o coração que mantém o jogo vivo e pulsando. É o meio de campo que articula e estabelece o desenvolvimento do jogo. Sem a escuta o jogo não se completa;
11. É fundamental a escuta cênica no jogo teatral, acontece quando se percebe que o grupo tem a necessidade de todos equipararem a ação de cada um, tentar não existir um líder e sim todos estarem atuando. A escuta cênica é um dos exercícios mais complexos e sensibilizadores. É como você dar espaço ao vazio em uma cena, ouvindo o externo e o interno ao mesmo tempo, e deixando estabelecer a comunicação fluida, ou a entrada de uma outra situação na cena;
12. Primeiramente, para haver escuta cênica, é necessário que haja um diálogo cênico, onde, dentro da cena, os atores possam estar numa constante troca de ideias que podem ser inseridas a qualquer momento na cena. A escuta cênica é a escuta do que a cena, junto com os atores, está nos propondo mudar, modificar ou até mesmo continuar;
13. A escuta cênica desenvolve-se a partir do aguçamento de todos os sentidos, de forma que a junção destes nos dá uma sensibilidade enorme, abrindo nossa percepção para tudo que nos cerca;
14. Escuta cênica é o olhar, a escuta, a percepção do espaço, da cena, da espera, ou seja, saber ouvir o interno e o externo. É perceber o outro e o grupo, é aguardar o seu momento e respeitar o tempo do outro, ou seja, escuta cênica é um diálogo a todo momento;
15. Acho a escuta cênica muito delicada, porque é muito fácil confundi-la com outras escutas. É necessário muita concentração para que ela aconteça. E é indispensável a generosidade com o colega, ter a percepção do que o colega está sentindo ou tentando indicar ou o que a cena está pedindo. Em nossas aulas, ocorreu uma grande evolução entre o início do curso até agora, é nítido que as pessoas estão mais precisas nas execuções das escutas cênicas e isso também reflete nas aulas que foram dadas pelos alunos;
16. Entendo hoje como sendo escuta cênica uma forma de linguagem nem sempre verbalizada e que se dá de várias formas. A escuta pode ser a proposição de uma ideia por parte de um indivíduo dentro da cena ou o desenvolvimento dessa por outrem; pode ser a compreensão de um objeto ou um cenário fisicalizado, ou o completar de uma ação já proposta por alguém em cena. A escuta auxilia e dinamiza o trabalho do indivíduo em cena, facilita a interação e o trabalho com os outros presentes em cena;
17. “Saber ouvir é cultivar a difícil arte da empatia, que é a habilidade de se colar no lugar do outro”. Na escuta cênica, como na vida, quando não se ouve o outro, podemos [...] perder a chance de dar um final surpreendente ao jogo ou a uma cena. Um erro grave é se preparar demais para fazer uma cena, pois se pode acabar não abrindo espaço par o outro mostrar a sua arte. Saber ouvir é o segredo para uma boa negociação. Escuta cênica é fechar a boca enquanto o ouro fala e abrir os ouvidos, não adivinhar o que o outro quer dizer e nem os sentimentos do outro;
18. Quando trabalhamos em grupo, percebemos que o tempo de cada um é diferente. Com isso, buscamos a escuta, para que todos entrem em uma harmonia. Na escuta cênica, temos a necessidade de ouvir, ver e sentir o outro, saber a hora de sair para que o outro entre e assim por diante. Dependemos de uma estrutura que, se não for respeitada, pode prejudicar a todos. Procuramos sempre esperar a nossa vez, lembrando que nossa “deixa” é muito importante para o outro, para que isso aconteça, devemos estar conectados com todo o grupo;
19. É a escuta estabelecida pelos atores durante alguma cena ou exercício cênico. Essa escuta cênica procura mostrar ao ator o entendimento da cena, a percepção individual, do coletivo e do próximo. Pode-se dizer que a escuta cênica é o que “rege” uma cena;
20. A escuta cênica é um ofício para ocorrer o jogo teatral, ela busca a escuta interna e às vezes externa do grupo que está em cena, trabalha com a percepção do ator, com a escuta e o desenvolvimento da cena em um todo. É uma existência da cumplicidade dos jogadores para que ocorra uma melhor cena possível, e diante disso é necessário este cuidado com o outro;
21. É saber entender a importância de escutar; de prestar atenção e entender o que passa no ato da cena, na ação apresentada. A escuta requer treinamento; esta faz com que demos os significados às coisas; esta, além de apenas ouvir, [...] pode ser silenciosa, através do gesto e também da atuação. A escuta cênica é um dos fatores principais para que tudo corra bem na atuação, pois esta dá direção para que o ator atue com segurança; conseguindo se comunicar;
22. A escuta cênica é um elemento fundamental para o acontecimento da cena. Os parceiros de jogo devem ter uma percepção individual, coletiva e da cena como um todo. O andamento da cena, a consciência das regras, estímulos do jogo, a percepção das propostas dos companheiros de cena são aspectos que tangem o conceito de escuta cênica;
23. É a escuta que o ator deve ter no jogo teatral, ela envolve todas as técnicas usadas para se fazer um bom jogo; fisicalização, olhar, concentração, enfim, é um trabalho conjunto de observações dentro e foram de cena. É um processo da escuta do corpo para dentro da cena e da vida;
24. Escuta cênica é a percepção do ator ao que acontece no palco, ao que seu colega de trabalho propôs e aceitar a proposta dela, reagira automaticamente. A escuta não necessariamente precisa ser auditiva, mas todos os sentidos estão voltados para essa percepção;
25. A escuta cênicas pode ser compreendida através da percepção do próximo em cena. Os jogadores, ao realizarem suas atividades, deverão se perceber para que haja uma escuta interna e externa. A escuta interna é volta entre os jogadores em cena. Já a escuta externa ocorrem em determinados jogos, onde o coordenador propõe um cmando ou som para que os jogadores que estão encenando possam “ouvir” a proposta e consequentemente continuar o jogo;
26. É a comunicação interna entre os atores que executam uma cena, peça ou até em um jogo teatral. é esta comunicação que permite o desenvolvimento entre os atores para que melhor possa fluir a respectiva cena a ser desenvolvida;
27. (do nosso querido e saudoso Daniel Macário) Escuta cênica é uma forma de compreender melhor o que acontece ao seu redor durante o jogo proposto. É também entender o outro, ser generoso, ter os ouvidos atentos, tanto para a escuta interna quanto para a escuta externa. Jogos de escuta propõem também a percepção individual de cada jogador, ou seja, o que acontece no interior de cada um? Como eu posso colaborar para que meu entendimento de jogo passa alcançar os meus companheiros de trabalho? A partir dessas perguntas, começamos a querer entendê-los, para que o jogo de escuta tenha um bom resultado. “Ouvir” colabora e muito para uma boa ação cênica.

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